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Introdução ao Futuro dos Dispositivos Vestíveis Neurotecnológicos
A categoria de dispositivos vestíveis já abrange uma vasta gama de produtos, desde smartwatches focados em exercícios até anéis de monitoramento do sono e femtechs inteligentes. Entretanto, o espaço está prestes a se expandir ainda mais com uma nova onda de neurotecnologia: dispositivos vestíveis direcionados ao cérebro.
Neurotecnologia e Dispositivos Vestíveis
A categoria de neurotecnologia é frequentemente associada a implantes cerebrais. No entanto, a neurotecnologia vestível refere-se a dispositivos médicos terapêuticos que aplicam estimulação cerebral a partir do exterior do corpo — através da pele e do crânio — sem qualquer processo invasivo, como tratamento para uma gama de problemas de saúde crônicos.
Aplicações Potenciais
- Tratamento de condições psicológicas, como depressão (Flow Neuroscience)
- Alívio da dor menstrual e da TPM (Samphire Neuroscience)
- Tratamento de ansiedade, insônia e transtorno de estresse pós-traumático (PTSD)
- Distúrbios metabólicos, como obesidade e diabetes tipo II
Tais aplicações estão no horizonte da Neurovalens, uma startup do Reino Unido que vem desenvolvendo sua tecnologia de estimulação cerebral não invasiva ao longo da última década.
A Experiência com a Tecnologia Vestível de Flow
A TechCrunch conversou com um usuário do dispositivo Flow, que optou por permanecer anônimo e foi identificado como Alex. Após anos lutando contra um humor baixo, Alex decidiu testar o dispositivo desde fevereiro de 2024.
“Às vezes, o simples fato de colocar o aparelho, sentir a pequena estimulação elétrica e sentar em silêncio por meia hora é bastante calmante”, relatou Alex sobre sua experiência com o dispositivo.
O wearable da Flow, com preço de venda recomendada de €459, é projetado para tratar a depressão utilizando uma forma de estimulação cerebral elétrica chamada tDCS (estimulação transcraniana de corrente direta). Os tratamentos diários são recomendados por algumas semanas, após o que Alex reduziu a frequência de uso para apenas algumas sessões por semana.
Tratamentos Alternativos: A Competição com Medicamentos
Uma das grandes promessas da neurotecnologia não invasiva é oferecer uma alternativa a tratamentos que frequentemente não respondem bem a medicamentos. A teoria básica é que estimular a atividade cerebral de forma direcionada pode influenciar como a pessoa se sente, alterando os sinais elétricos que as células cerebrais usam para se comunicar.
“Células cerebrais se comunicam com eletroquímicos. Assim, uma forma de mudarmos a atividade no cérebro é alterando a química”, explica a professora Camilla Nord da Universidade de Cambridge.
Embora os medicamentos se apresentem como a via mais estabelecida para influenciar o humor, sua eficácia não é garantida e podem apresentar uma série de efeitos colaterais. Portanto, os dispositivos vestíveis de neurotecnologia têm potencial para expandir as opções de tratamento, desde que os fabricantes possam comprovar a segurança e efetividade de seus produtos.
Complexidade Técnica e Regulatória
Embora a neurotecnologia apresente um potencial claro, sua complexidade é um desafio. Existem diversas técnicas para influenciar a atividade cerebral, incluindo:
- Estimulação magnética transcraniana (TMS)
- Estimulação elétrica de corrente contínua (CES)
- Ultrassom (TUS)
A comercialização da neurotecnologia está longe de ser simples devido ao ambiente regulatório fragmentado. Nos EUA, a FDA é responsável por aprovar dispositivos, enquanto na Europa há um sistema descentralizado que lida com testes de segurança e auditorias.
Perspectivas Futuras da Neurotecnologia Vestível
Recentemente, a Flow disponibilizou seu dispositivo para pacientes e clínicos através de programas piloto na NHS do Reino Unido e começou o processo de reembolso em alguns mercados europeus. No entanto, alcançar uma adoção generalizada e reconhecimento no sistema de saúde tradicional requer um trabalho significativo de coleta de dados e evidências de uso.
Conforme a tecnologia vestível de neurotecnologia avança, a questão da eficácia além do efeito placebo também se torna crucial. As evidências devem reconhecer a diferença entre a mera expectativa de um tratamento e o impacto real da estimulação cerebral.
Conclusão
Com o aumento da aceitação cultural em relação aos problemas de saúde mental, as estratégias para o desenvolvimento e comercialização da neurotecnologia vestível se mostram promissoras. Embora ainda existam desafios a serem superados, a perspectiva de que esses dispositivos possam desempenhar um papel significativo no tratamento de condições como depressão a torna uma área de estudo fascinante e cheia de potencial.
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autor ref: Natasha Lomas
ref:https://techcrunch.com/2024/10/12/what-is-wearable-neurotech-and-why-might-we-need-it/